domingo, 26 de maio de 2013

Transmutar.

E passa o que deve passar...
Só não passa aquilo que não deixamos passar, sem permissão para nos transpassar e, assim, nos atravessar e se ir... Ficando, então, não apenas no passado, mas também já distante do coração.
“O que os olhos não veem o coração não sente”, já diz o batido ditado. Entretanto, nós temos muitas maneiras de tornar a ver aquilo que não deveríamos mais olhar e, para isso, nem precisamos dos olhos – essa janela para a alma...
Há outras maneiras de deixar entrar: um perfume, uma palavra, um gosto. Qualquer dessas coisas traz recordações à mente.

Então, nem longe do coração estará uma lembrança mal-amada, que não aparece aos olhos... Temos outros quatro sentidos bem aptos a nos fazer remoer...
O esforço é o do negativo: deixar passar, mas sabendo que ao deixar passar essa amaldiçoada e maldita lembrança, ela tornar-se-á de novo presente. Novamente ocupara o nosso tempo, novamente imporá seu jugo, nos fazendo nostálgicos.

É nesse momento de sua reapresentação que devemos reagir e não antes. Se o fizermos antes, a recordação irá persistir em se fazer presente, como que forçando a porta – ou a janela! Nós a negaremos, ela retornará, talvez até com mais força. Como se estivéssemos afogando alguém, a lembrança irá tornar a emergir buscando fôlego e, no esforço de matá-la, aniquilá-la, seremos nós que ao final estaremos ofegantes e abalados.

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