domingo, 10 de março de 2013

O caminho do meio e o fim do caminho: enamoramento



Eu ando lendo Alberoni. Não digo que concorde com tudo aquilo que diz, tanto sobre o erotismo feminino quanto masculino. Porém, há coisas válidas nesse tipo de leitura, da qual não concordamos integralmente ou, até, discordamos. Por exemplo, sobre o encontro de amantes, ele tem algumas asserções bastante interessantes e capazes de fazer pensar. Lá pelas tantas, ele diz que o (a) amante é um refúgio do mundo. É um momento de isolar-se com o outro, o momento – ou deveria ser – do exercício do puro erotismo. Para lá da entrega, existe o não-existir além daquele lugar de encontro. Nada há mais no mundo do que o outro e aquele momento com o outro.

O autor falava na verdade, do amante enquanto “categoria” social. No entanto, isso não exclui aqueles que se encontram no estado de “amantes”: ou seja, aquele momento de enamoramento de ânsia e prazer de estar junto daquele que amamos ou por quem nos apaixonamos.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma nota


Uma imagem e um pensamento.



Existem "relações" - e devo dizer que é exagero nomear o que acontece nesses casos, dessa maneira - que são como um deserto de pedra: é tudo cinza, e duro, e frio. Entremeado, aqui e acolá, há uma pequena planta verde que já estava lá, viva. Mas não podemos plantar nada porque o solo é rochoso, não podemos tirar e nem criar mais vida do que aquela que há em meio a toda essa frieza e no meio desse cinza.
O verde que lá existe é passado, prestes ele também a morrer, sufocado pelo frio e pela ausência de vivacidade que o cinza provoca. Vive-se só de um reviver. Nada mais há para ser vivido, pois a vida, de verdade, não é um revisitar, repisar, repetir. Logo, não há futuro. Só uma esperança artificial baseada naquilo que já foi vivido.
Mas admito que é belo, enquanto nos enganamos dizendo que era possível cultivar esse deserto.

terça-feira, 5 de março de 2013

A pretensão do Sentido existencial


Eu não sei vocês, mas sempre tive medo da expressão “sentido existencial”. Sei lá, sempre me pareceu pesada, grandiosa demais, pretensiosa. Como se as pessoas tivessem a obrigação, o dever, de fazerem grandes coisas, grandes sacrifícios em prol... em prol de que mesmo? Em prol dos outros. Em prol do “amor oceânico”. Não que desacredite totalmente. Só acho que não é para todo mundo, esse negócio de sentido existencial.
Algumas poucas pessoas são capazes de atingir o que imagino, seja o grau adequado de sentido que a expressão esconde. O mais interessante é que não acho que essas poucas pessoas, capazes de atingir o grau de pretensão embutido na expressão, sejam pretensiosas: pelo contrário, elas pensaram apenas em fazerem algo bom, não em atingir uma plenitude de sentido para suas vidas. Sem pretensão de dar sentido às suas vidas, mas às vidas dos outros. Quase sem querer.
Entretanto, as coisas mudam de figura quando pretendemos que essa expressão dirija as nossas vidas. As nossas pequenas e insignificantes vidas. Aí damos mais um sentido do que de fato há em nossas vidas. Superestimamos e, por isso, erramos.