sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sinta o peso.



Suporte minha presença.
Ouça meus silêncios
nessa noite densa.

Encare com os olhos
bem fechados
nossos achados

Anule teus desejos.
Afogue tua dor
junto com teus arquejos.

Assuma o que sabemos
há tanto tempo,
que até mesmo esquecemos.

Deixe-me aqui só
nessa casa torta,
só feche a porta.








quarta-feira, 5 de junho de 2013

Como fazer o céu chorar....



A garotinha olhava para o céu: Luminoso e amplo. Seus olhos já pequenos convertiam-se em apenas dois pequenos riscos, encimados por pestanas negras. Olhava o céu na esperança que chovesse. Não choveria. Nem sequer nuvens havia naquele céu infinitamente azul.

As cigarras cantavam alto, o calor oprimia. O sol brilhava e, mais, tremeluzia. Ao redor, apenas um chão acarpetado de amarelo, amarelo-queimado.

Ela olhava para o céu. A mãe gritou, perguntando porque ainda não tinha ido ver se havia ovos. A menina baixou os olhos, ainda marejados de lágrimas forçadas pela luz. Gritou de volta, que já ia. Olhou mais uma vez para o céu azul... E se ela furasse o céu? Ora, a chuva vinha do céu e, então, a água devia estar presa naquela barreira infinitamente azul, tão azul quanto os olhos do avô.

A menina pegou o cesto e, enquanto percorria o caminho até o galinheiro, ensimesmada, espiava o céu, seu antagonista. Afinal de contas, pensava ela, a água vinha do céu e lá devia estar presa por aquela barreira azul. Se furasse o céu, a água verteria e seus pais poderiam plantar a terra e os animais voltariam a beber do açude. O rio subiria – estava tão raso que ninguém mais se preocupava em impedir que as crianças para lá corressem, no meio da tarde, para encontrar algum alívio do calor sufocante.

Meus olhos...



Azuis, verdes, azuis, verdes... 
Azul-esverdeados. Pronto. 
Nem verdes, nem azuis. Verzuis, talvez?

Rapidíssima

Pularei o muro.
Não hoje, nem amanhã. Mas é necessário.
Estou em cima dele e, pela visão, já me decidi.