Todos nós temos uma história para
contar. Todos nós nos formamos e nos transformamos por meio do que nos
acontece, por meio daquilo que vivemos e fazemos.
E, tudo isso, de um modo ou de outro, é
levado conosco, para o resto de nossas vidas... Transformado em lembranças,
mais ou menos exatas, mais ou menos simplesmente emoções...
Dessas lembranças, as que por vezes se
destacam são as lembranças amorosas. De paixões que se concretizaram, outras
que foram só momentos esparsos ou ilusões – quem nunca se iludiu, não foi
humano, ainda. São recortes de amores que foram ou que nem mesmo aconteceram,
nasceram mortos. E, assim, às vezes, tudo o que houve foi um olhar, um gesto e
nada mais. Promessas não cumpridas.
De qualquer modo, essas recordações são
a sua maneira, verdadeiras e certamente aconteceram, mesmo que hoje, algumas
estejam mais presentes como algo sentido do que vivido.
Alguém pode perguntar qual seria o
significado de guardá-las. A maioria dessas lembranças (como acontece com a
maioria das pessoas), não são “guardadas” propriamente: se alojam sem pedir
permissão. No coração, na mente ou no espírito – algumas são onipresentes – e
estão espalhadas e espraiadas em todo o nosso ser. Existem motivos também para
que as retenhamos, por nossa própria vontade: algumas por seu significado
factual, outras pelas sensações provocadas à época e, ainda, outras, estas,
guardo-as simplesmente por seu significado estético, já que deixaram de ter um significado
factual ou emocional.
É, existem dessas efemeridades... Elas
parecem significar algo, mas na verdade acabam mostrando o seu significado
apenas pela imagem guardada... Dessas, nada mais restou do que a simples
lembrança de uma bonita imagem, às vezes, até de uma bela imagem.
Interessante que guardamos essas bonitas
imagens como se elas significassem algo... Ou como se elas pudessem vir a
significar algo. Uma dessas aliás, sei que guardo como se fosse uma recordação.
Um sinal de algo bom que não aconteceu, uma promessa de felicidade.
·
Quando
deste aquele abraço apertado e sentido, cheio de saudade e tristeza, num agora
longínquo semestre.
·
Teu
olhar de desejo naquele banco de praça.
·
Aquele
dia, em que saltei dois degraus e escapei do teu beijo.
·
Esperar-me,
com rosas e Shakespeare.
·
Tuas
mãos na minha nuca, dedos enroscados nos meus cabelos.
·
O
beijo com gosto de Suflair.
·
Meu
reflexo nos teus olhos.
·
O
Tratado de Methuen.
·
Teu
cheiro em minhas mãos.
·
Aquele
beijo molhado, macio e quente no elevador.
·
Teus
olhos nos meus, formando um só céu estrelado.
·
Um
abraço aconchegante e perfumado.
·
Quando
te vi no fim daquela escada rolante, esperando-me.
*
Texto passível de edição, se algo mais emergir das catacumbas de minhas
lembranças.
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