terça-feira, 9 de abril de 2013

Do que são feitas as lembranças amorosas...



Todos nós temos uma história para contar. Todos nós nos formamos e nos transformamos por meio do que nos acontece, por meio daquilo que vivemos e fazemos.

E, tudo isso, de um modo ou de outro, é levado conosco, para o resto de nossas vidas... Transformado em lembranças, mais ou menos exatas, mais ou menos simplesmente emoções...

Dessas lembranças, as que por vezes se destacam são as lembranças amorosas. De paixões que se concretizaram, outras que foram só momentos esparsos ou ilusões – quem nunca se iludiu, não foi humano, ainda. São recortes de amores que foram ou que nem mesmo aconteceram, nasceram mortos. E, assim, às vezes, tudo o que houve foi um olhar, um gesto e nada mais. Promessas não cumpridas.

De qualquer modo, essas recordações são a sua maneira, verdadeiras e certamente aconteceram, mesmo que hoje, algumas estejam mais presentes como algo sentido do que vivido.

Alguém pode perguntar qual seria o significado de guardá-las. A maioria dessas lembranças (como acontece com a maioria das pessoas), não são “guardadas” propriamente: se alojam sem pedir permissão. No coração, na mente ou no espírito – algumas são onipresentes – e estão espalhadas e espraiadas em todo o nosso ser. Existem motivos também para que as retenhamos, por nossa própria vontade: algumas por seu significado factual, outras pelas sensações provocadas à época e, ainda, outras, estas, guardo-as simplesmente por seu significado estético, já que deixaram de ter um significado factual ou emocional.

É, existem dessas efemeridades... Elas parecem significar algo, mas na verdade acabam mostrando o seu significado apenas pela imagem guardada... Dessas, nada mais restou do que a simples lembrança de uma bonita imagem, às vezes, até de uma bela imagem.

Interessante que guardamos essas bonitas imagens como se elas significassem algo... Ou como se elas pudessem vir a significar algo. Uma dessas aliás, sei que guardo como se fosse uma recordação. Um sinal de algo bom que não aconteceu, uma promessa de felicidade.


·         Quando deste aquele abraço apertado e sentido, cheio de saudade e tristeza, num agora longínquo semestre.

·         Teu olhar de desejo naquele banco de praça.

·         Aquele dia, em que saltei dois degraus e escapei do teu beijo.

·         Esperar-me, com rosas e Shakespeare.

·         Tuas mãos na minha nuca, dedos enroscados nos meus cabelos.

·         O beijo com gosto de Suflair.

·         Meu reflexo nos teus olhos.

·         O Tratado de Methuen.

·         Teu cheiro em minhas mãos.

·         Aquele beijo molhado, macio e quente no elevador.

·         Teus olhos nos meus, formando um só céu estrelado.

·         Um abraço aconchegante e perfumado.

·         Quando te vi no fim daquela escada rolante, esperando-me.




* Texto passível de edição, se algo mais emergir das catacumbas de minhas lembranças.

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