O som irritantemente ritmado das gotas
de água, da torneira antiga, que já encheram há muito a vasilha vazia.
Um teto de chumbo, um ventilador azul. Suas
pás movem-se lentamente, como num grande esforço para manterem-se ativas. Olhos
nas pás, ouvidos na torneira mal fechada. Cães ladram insistentemente no meio
da tarde.
Tédio, apatia? Melancolia. Aquela dor no
fundo do ser, alojada num recôndito do corpo, sendo perturbada pelo ruído: poc...,
poc..., poc...
E as pás girando, embora o clima seja agradável
e o céu azul com nuvens brancas que se movem rapidamente.
Coração doido, entristecido. Uma falta
de ar seguida de um suspiro longo e profundo.
Por que os cães não se calam?
A água não para de pingar e as nuvens de
passar... Por que o tempo não para, para pararmos de perdê-lo nessa inação?
Para não perder esse tempo precioso sofrendo?
Uma lufada de vento move a cortina. Ela abana
em direção ao centro da sala. Infla-se e invade o meio da sala, gorda e leve.
O coração cede... As lágrimas sentidas e
guardadas escorrem. O tempo finalmente para, coração se aperta e, depois, se
abre.
Agora, o pensamento se paralisa. A torneira
é bem fechada, a janela cerrada e tudo está encerrado. A água escorre pelo
ralo. Ele veste a camisa surrada.
Seu coração fica calado.
A porta se abre e corpo o é liberto.
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