sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sol de verão: a clareza insuportável de certas verdades...



Sol de verão. Brilha forte, ofuscando os olhos claros de quem se atreve a mirar o mundo.

No meio de tanta luz, às vezes se torna difícil ver claramente. Até claridade demais, cega. Talvez seja isso que ocorra conosco em algumas ocasiões: a clareza é tão grande, tão certa, que ofusca, tonteia, confundi.

Principalmente se for contrária a tudo que se acreditou durante anos. Então, tu sais e é tomado pela claridade. Não sabe para onde olhar, no que fixar o olhar. A claridade faz com fechemos os olhos, numa busca, agora vã, pelo conforto daquela zona mais escura, menos clara. Aos poucos, nos acostumamos, mas é tal o brilho daquela nova realidade, que seus olhos embaçam e tu titubeias sobre o que vês realmente. Tu te perdes e, mesmo no meio de tanta luz, não sabes que caminho tomar. Teus olhos miram o chão e são incapazes de mirar o céu, a luz clara e límpida daquele dia de verão.

Talvez por isso goste do outono. A luz amarela, esmaecida, nos dá conforto e aquela leve certeza da verdade. Mas ela não te cega, se olhares para o céu, fonte de toda a luz. Nas verdades de verão, o esforço é tão grande porque ao olhares para o céu, perdes a força de raciocínio e só há aquela luz, aquela certeza. Tu não és capaz de voltar a olhar para o mundo imediatamente e seguir os caminhos menos iluminados, porque é muito grande a diferença entre o céu e a terra.

E, no entanto, o verão nos atinge. Seguidamente, ciclicamente. Ele nos lembra que nem só na confortável luz se vive. Ele nos lembra que não podemos dormir sob o sol do inverno, e nem nos acostumarmos com a luz do outono e, muito menos, nos distrairmos com a luz da primavera.

E o céu de verão nos encara, esperando que sejamos capazes de encará-lo de frente. Mesmo que cegue.

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