Sol de verão. Brilha forte,
ofuscando os olhos claros de quem se atreve a mirar o mundo.
No meio de tanta luz, às vezes se
torna difícil ver claramente. Até claridade demais, cega. Talvez seja isso que
ocorra conosco em algumas ocasiões: a clareza é tão grande, tão certa, que
ofusca, tonteia, confundi.
Principalmente se for contrária a
tudo que se acreditou durante anos. Então, tu sais e é tomado pela claridade.
Não sabe para onde olhar, no que fixar o olhar. A claridade faz com fechemos os
olhos, numa busca, agora vã, pelo conforto daquela zona mais escura, menos clara.
Aos poucos, nos acostumamos, mas é tal o brilho daquela nova realidade, que
seus olhos embaçam e tu titubeias sobre o que vês realmente. Tu te perdes e,
mesmo no meio de tanta luz, não sabes que caminho tomar. Teus olhos miram o
chão e são incapazes de mirar o céu, a luz clara e límpida daquele dia de
verão.
Talvez por isso goste do outono. A
luz amarela, esmaecida, nos dá conforto e aquela leve certeza da verdade. Mas ela
não te cega, se olhares para o céu, fonte de toda a luz. Nas verdades de verão,
o esforço é tão grande porque ao olhares para o céu, perdes a força de raciocínio
e só há aquela luz, aquela certeza. Tu não és capaz de voltar a olhar para o
mundo imediatamente e seguir os caminhos menos iluminados, porque é muito
grande a diferença entre o céu e a terra.
E, no entanto, o verão nos
atinge. Seguidamente, ciclicamente. Ele nos lembra que nem só na confortável luz
se vive. Ele nos lembra que não podemos dormir sob o sol do inverno, e nem nos
acostumarmos com a luz do outono e, muito menos, nos distrairmos com a luz da
primavera.
E o céu de verão nos encara,
esperando que sejamos capazes de encará-lo de frente. Mesmo que cegue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário